Movimentação Singular

Uma pesquisa de movimento autoral de Renata Versiani

O que é Movimentação Singular

O que é Movimentação Singular

A Movimentação Singular é uma pesquisa teórico-prática de movimento. A pesquisa foi desenvolvida por Renata Versiani ao longo de sua trajetória artística, que investiga o movimento corporal autoral, com foco na sensibilização, percepção e apropriação do movimento como uma ferramenta para a construção da expressividade corporal do artista e a comunicação clara e assertiva de sua obra.

A abordagem da Movimentação Singular permite que cada indivíduo explore de forma única a sua expressão, conectando suas experiências e memórias ao ambiente e ao outro. Nesse contexto, o movimento é compreendido como uma linguagem singular e autoral, capaz de traduzir emoções, intenções e experiências, potencializando a comunicação artística de maneira profunda e genuína.

A Movimentação Singular se aplica a diversas áreas, como Artes Cênicas, Terapias Corporais e Educação do Movimento. Para atores e dançarinos, esse sistema possibilita a exploração de texturas corporais, permitindo a criação de personagens mais profundos e autênticos. Em terapias corporais, seus princípios ajudam profissionais a guiar pacientes no processo de reconexão com o corpo, promovendo autoconhecimento e bem-estar. Já na educação do movimento, professores e coreógrafos incentivam os alunos a valorizar suas singularidades corporais, rompendo com padrões e construindo novos coletivos.

A Movimentação Singular trabalha em duas fases: (1) as texturas; e (2) a singularidade através dos sentidos.

É possível sim manter a individualidade dentro do todo, onde todos evoluem: coletivo e o individuo.

Renata Versiani

A singularidade do movimento é a ponte entre o indivíduo e o coletivo, criando diálogos que vão além das palavras.

Renata Versiani

Observando ao longo do tempo os vários coletivos construídos nessas aulas, foi possível perceber como é possível o ser humano ser empático, amoroso e respeitoso, e com isso extremamente criativo, singular e comunicativo.

Renata Versiani

No espaço onde não há drama e há apenas presença, o corpo encontra liberdade para ser.

Renata Versiani

Texturas

Texturas

Segundo Dondis, a textura é o elemento visual que com frequência serve de substituto para as qualidades de outro sentido, o tato. Na verdade, porém, podemos apreciar e reconhecer a textura tanto através do tato quanto da visão, ou ainda mediante a combinação de ambos (...) onde há uma textura real, as qualidades táteis e óticas coexistem, não como tom e cor, que são unificados em um valor comparável e uniforme, mas de uma forma única e especifica, que permite a mão [o corpo] e ao olho uma sensação individual, ainda que projetemos sobre ambos um forte significado associativo... São experiências singulares...

Osso

Trabalha as estruturas de sustentação, promovendo movimentos que acontecem sem drama ou esforço excessivo.

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Músculo

Desenvolve o controle e trabalha a liderança, materializando o estado de presença

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Pele

Explora a conexão com o ambiente por meio do toque, carregada de pudores, ela desfruta a leveza para uma troca de informação.

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Osso

Osso

O osso é a camada profunda e estrutural do corpo, representando a base que nos iguala como seres humanos, independentemente de gênero, política, religião ou outras identidades. Na perspectiva da Movimentação Singular, a visão do esqueleto vai além de sua função estática, sendo transformada em um elemento dinâmico e essencial para o movimento.

Essa textura convida o indivíduo a explorar o osso como um pilar de sustentação, permitindo que o corpo se expresse através de imagens geométricas, cavidades, alavancas e pontos de apoio. É na interação com o esqueleto que se torna possível enfrentar quedas e alcançar recuperações com leveza, sem carregar o drama, promovendo uma sensação de libertação.

Ao conectar-se com essa estrutura densa e profunda, o indivíduo descobre no osso não apenas um suporte físico, mas também uma base para experimentar o movimento de maneira livre, estável e plena.

Músculo

Músculo

O músculo é o motor da força motriz e da adaptabilidade, sendo responsável por construir a presença corporal e fortalecer a relação dinâmica com o ambiente e outros corpos. Na perspectiva da Movimentação Singular, o foco está no “gordo”, as partes macias e carnudas do corpo, que desempenham papéis cruciais como amortecedores, estruturas de acomodação e pontos de adaptação com o externo e com o outro.

Esses músculos são os grandes ativadores e líderes do movimento, estimulando a locomoção e promovendo o controle da chamada “deformação expressionista”. Eles são responsáveis por dar “carne” ao estado de presença, tornando o movimento não apenas funcional, mas também rico em expressão e interação.

Ao explorar essa textura, a Movimentação Singular possibilita um corpo em constante transformação, capaz de se moldar às exigências do ambiente e, ao mesmo tempo, afirmar sua singularidade no fluxo do movimento.

Pele

Pele

A pele é a camada que conecta o indivíduo ao mundo externo, sendo a linha que delimita o "dentro" e o "fora" do ser. Na perspectiva da Movimentação Singular, ela desempenha um papel fundamental ao atuar como um veículo de percepção sensorial, abrindo canais de comunicação entre o corpo e o ambiente ao redor. É por meio da pele que interagimos com o ar, os fluidos e as infinitas texturas do mundo, em um diálogo constante que enriquece a experiência corporal.

Essa camada é explorada na pesquisa como um portal para o estado de presença. A pele não apenas desenha o contorno físico do corpo, mas também o contorno emocional e energético do momento presente. Ao desfrutar o prazer do toque, da percepção e da interação com o espaço, ela convida o indivíduo a vivenciar o movimento de maneira sensorial e envolvente.

A pele, enquanto mediadora entre o interno e o externo, é a primeira camada de exploração na Movimentação Singular, trazendo à tona a delicadeza, a troca e o prazer de sentir e ser sentido.

Singularidade

Singularidade

A Singularidade são pilares da metodologia da Movimentação Singular, combinando pesquisa acadêmica e prática corporal. Esses elementos ampliam a percepção dos sentidos, ajudando os indivíduos a se reconectarem com suas próprias experiências internas e externas.

Na prática acadêmica, esses conceitos são explorados por meio de estudos sobre a interação sensorial entre corpo, ambiente e outros indivíduos. Pesquisas investigam como diferentes estímulos — como texturas, sons e temperaturas — podem influenciar a movimentação, promovendo maior consciência corporal e emocional.

No campo prático, exercícios corporais sensoriais são aplicados para que cada pessoa descubra sua singularidade no movimento. Atividades como explorar superfícies com diferentes texturas, realizar movimentos com os olhos fechados ou trabalhar a respiração consciente permitem que o corpo revele sua linguagem própria.

Essa abordagem incentiva a criação de movimentos únicos que traduzem a essência de quem pratica, seja em contextos artísticos, terapêuticos ou educativos.

Combinando teoria e prática, a Singularidade oferecem ferramentas valiosas para acessar a autenticidade do corpo em movimento, promovendo uma expressão genuína e transformadora.

... se a consciência de si é a expressão do social e não do individuo, a pergunta se torna inevitável: qual o material que temos a mão para elaborar uma ética de si, individual, singular, que seja expressão do único?

Tony Hara

Contemporâneo é aquele que mantém fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro. Todos os tempos são, para quem deles experimenta a contemporaneidade, obscuros. Contemporâneo é, justamente, aquele que sabe ver essa obscuridade, que é capaz de escrever mergulhando a pena nas trevas do presente.

Giorgio Agamben

Movimentar-se de forma singular é abraçar a própria história, transformando vivências em arte.

Renata Versiani

Através da Movimentação Singular é possível reviver memórias (boas ou traumas), permitindo que elas sejam resignificadas.

Renata Versiani

Pessoas que abraçam sua sensorialidade e percebem a singularidade, sofrem e viabilizam novas formas de pensar e sentir o mundo.

Renata Versiani

Núcleo de Estudos Contemporâneos do Corpo

Núcleo de Estudos Contemporâneos do Corpo

Apresentação

O Coletivo Singular é um Núcleo de Pesquisa na Faculdade Angel Vianna e desenvolve o estudo teórico-prático do movimento autoral como uma forma de expressão artística e de conexão com o ambiente. A investigação parte da ideia central de que o movimento não é apenas uma habilidade funcional, mas uma linguagem única que reflete as experiências, emoções e intenções do indivíduo. Combinando abordagens acadêmicas e experiências sensoriais, o grupo busca aprofundar o entendimento sobre como corpo e mente interagem na criação de uma presença autêntica e significativa no espaço.

As pesquisas são estruturadas em torno das texturas corporais – Pele, Osso e Músculo – que servem como âncoras para explorar diferentes dimensões do movimento. Cada textura é entendida como um portal para novas descobertas: da delicadeza sensorial da pele à força motriz do músculo, passando pela fluidez e os ritmos internos do corpo. Essa abordagem integrada permite que artistas, terapeutas e educadores do movimento desenvolvam uma conexão mais profunda com suas práticas, promovendo a singularidade do corpo como um espaço criativo e transformador.

Além do trabalho investigativo, o grupo organiza apresentações, oficinas e performances que demonstram a aplicabilidade da pesquisa em artes cênicas, terapias corporais e educação do movimento. Através de suas atividades, o grupo contribui para o avanço das discussões sobre movimento autoral, sensorialidade e expressividade, ampliando sua relevância no campo das artes e seu impacto na sociedade. Este é um espaço onde a pesquisa acadêmica se encontra com a prática artística, criando uma ponte inovadora entre teoria e experiência.

Bibliografia

Movimento e Dança

  • LABAN, Rudolf e LAWRENCE, Frederick Charles. Effort. Economy of human movement. Estover: Macdonald & Evans, 1974.
  • LABAN, Rudolf. A vision of dynamic space. Londres: Laban Archives & The Falmer Press, 1984.
  • MALETIC, Vera. Body, space, expression: the development of Rudolf Laban’s movement and dance concepts. Berlin; New York: Mouton de Gruyter, 1987.
  • FERNANDES, Ciane. O Corpo em Movimento: o Sistema Laban/Bartenieff na formação e pesquisa em artes cênicas. São Paulo: Annablume, 2002.
  • HACKNEY, Peggy. Making Connections. Total Body Integration through Bartenieff Fundamentals. Amsterdam: Gordon and Breach Publishers, 1998.

Experiência Corporal e Sensorialidade

  • COHEN, Bonnie Bainbridge. Sensing, Feeling, and Action: The Experiential Anatomy of Body-Mind Centering. Northampton, Mass: Contact Editions, 1993.
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  • ALBUQUERQUE, V. J. Teoria do Conhecimento e Arte - Ciência, arte e o conceito de Umwelt.

Memória e Performatividade

  • TAYLOR, D. O arquivo e o repertório: performance e memória cultural nas Américas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
  • LEONARDELLI, Patrícia. A memória como recriação do vivido no pensamento do corpo-em-arte. São Paulo: ECA/USP, 2010.
  • FREIRE, Ana Vitória. Dança: criação autobiográfica e memória. Rio de Janeiro: 7Letras, 2022.
  • MANZUÁ. Microperformances e experiências estelares: o vivido no relembrado. José Luiz Ligiéro.

Metodologias e Pesquisa em Artes

  • FABIÃO, Eleonora. Programa performativo: o corpo-em-experiência. Revista do Lume, Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais, UNICAMP. N. 4, dez./2013.
  • FERNANDES, Ciane. Em busca da escrita com dança: algumas abordagens metodológicas de pesquisa com prática artística. Dança, Salvador, v. 2, n. 2, p. 18-36, jul./dez. 2013.
  • VIEIRA, Jorge Albuquerque. Teoria do Conhecimento e Arte. Transcrição por Sonia Ray.
  • SANTOS, C. M. dos; BIANCALANA, G. R. Autoetnografia: um caminho metodológico para a pesquisa em artes performativas. Revista Aspas, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 53-63, 2017. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.22383999.v7i2p53-63. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/aspas/article/view/137980. Acesso em: 30/09/2024.
  • HASEMAN, Brad. Manifesto pela pesquisa performativa. Resumos do Seminário de Pesquisas em Andamento PPGAC/USP. Editor responsável: Umberto Cerasoli Jr. Designação numérica: v.3.1, 2015.

Filosofia e Artes

  • DELEUZE, Gilles. Francis Bacon: A Lógica Da Sensação. Tradução: MACHADO, R. et al. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2007.
  • DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. Vol. 3. Tradução de Suely Rolnik. São Paulo: Editora 34, 1996.
  • KIFFER, Ana Paula Veiga. Correspondência fabulatória – entre Ana K. e A. Artaud. Vazantes – Revista do Programa de Pós-graduação em Artes, Fortaleza, v. 2, n. 1, p. 105-116, 2018.

Equipe de Pesquisa

O Coletivo.Singular é formado por profissionais comprometidos com a pesquisa, o desenvolvimento e a prática artística que exploram o corpo como uma linguagem única e autêntica. Cada integrante traz sua experiência e sensibilidade para investigar o movimento autoral, promovendo a expressividade individual e ampliando os horizontes da dança contemporânea.

O grupo atua com uma abordagem artística e pedagógica que conecta vivências internas, comunicação corporal e o ambiente ao redor. Nossa missão é inspirar e capacitar indivíduos a descobrir e apropriar-se de sua sensorialidade, criando uma forma única de expressão, enquanto promovemos um espaço de criação, reflexão e conexão dentro de um coletivo.

Conheça os integrantes que tornam essa jornada possível!

Pesquisadores

Renata Versiani
Caio Picarelli

Assistentes de Pesquisa

Alice Alves

Alice Guaraná

Amanda Pontes

Camila Baltar

Carmen Zilveti

Giovanna Rossi

Jessica Braga

Maria Paula Ramalho

Matheus Pergolizzi

Rodrigo Gilla

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